terça-feira, 21 de setembro de 2010

Prosa vs Poesia

Palavras mudas, ditas na rebeldia do silêncio.
Sem sentido, eu ando e caminho, por entre jardins de espinho e estradas de tortura.
Faço rimar a minha mente com a minha alma.
Ninguém sabe nem ninguém quer saber, a música que me corre no sangue é a mesma que anseio não escrever.
Solto a caneta e deixo-a fluir. E as frases criam-se como desespero contido.
Sou livre, mas não encontro o meu lugar.
Pessoas insignificantes que cantam sorrisos e alegrias.
Mas nessas não coloco esperanças, só estranhas ambições que nem tu, nem eu conseguimos atingir.
A ti, dou-te a prosa, realidade solene.
Para mim deixo a poesia, uma batida escrita, o refúgio dos olhares.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Vocábulos Cansados

Um quarto vazio. Uma porta entreaberta.
Uma alma carregada de ligeiras sombras.
O meu corpo ressaca do toque,
singelo e sincero,
que arrebata com todas as dúvidas.
Uma visão apagada,
por entre o fumo dos pensamentos.
Uma palavra esquecida,
uma frase recordada.
Um sublime olhar,
escondido na expressão.
Manhã de liberdade,
vocábulos cansados, desgastados.
Tira o fôlego á minha respiração,
lenta e complicada.
O tempo não passa,
parei na barra cronológica da minha vida.
E lá fora, faz-se silêncio.
O dia ainda não rompeu,
e este vício tira-me o sono.
A palavras parecem gastas.
Depois de muito uso, perdem todo o significado.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Final(mente)

Eis-me presa á memória escura
dos teus olhos,
das palavras que nunca me disseste
e das recordações que não tive.
O prazer que tenho 
em coleccionar contrariedades
ganha todas as batalhas.
Inventa a verdade.
Faz de conta que nunca foste,
finge que nunca irás.
Talvez o tempo
me tenha roubado o talento,
talvez a vida
me tenha apagado o destino.
E vou vivendo,
na constante repetição
do ontem.
Vai, vai-te daqui
silhueta manhosa
que não me deixas existir
sem esperanças e ambições.
Prometes-te mil e um mundos
mas a guerra está perdida, final(mente).

domingo, 5 de setembro de 2010

O talento da escrita

Escureço-me neste mundo, perco-me nos caminhos do insensato, da ousadia.
A inutilidade das palavras revela-se nas conversas trocadas por memórias confusas.
Na música, o talento vive no improviso, na história que já foi vista, vivida e sofrida.
Na vida, o prazer do desconhecido supera qualquer conhecimento prévio.
A partilha de algo maior que o silêncio, cicatriza-me a mente e transforma-me na pessoa que quero ser.
A tez morena do meu rosto espalha-se ao longo da multidão, perfeitamente sozinha, perfeitamente melodiosa.
Reviro a minha existência até perceber que o talento da escrita se esconde no toque, na sensibilidade de cada palavra desabafada.
Espera. Aguarda o momento. 
Pelo vocábulo ideal. Pelo texto da minha vida.

sábado, 4 de setembro de 2010

O medo, o medo

O medo, o medo
Significa que tenho algo a perder
algo a aprender
algo a sofrer.
Receio que nada seja para sempre,
as supremas amizades
que se desfazem com o vento,
os sorrisos cínicos escondidos
no ódio de uma vida.
Não tenho nada a esconder
e os desafios que se colocam nesta necessidade extrema 
de sobreviver
fazem-me maior, fazem-me pessoa.
E hoje vejo o que ontem ignorei,
o que amanhã rejeitarei
porque os ideais da minha alma 
não se regem por canções
que não têm compositor.
Um dia vou escolher o momento entre os momentos
para revelar o que penso
ignorando o medo de ser apagada
da memória desta gente.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010



 a melhor música de sempre ;D

Untitled

Reinvento a magia
pedaços de energia
espalhados pelo teu corpo,
repleto de filosofia.
Tenho o poder da música
a raiva em forma de melodia.
O meu coração inanimado,
abandonado, espezinhado.
Deixada para trás,
a verdadeira razão da reacção
nesta luta incessante pelo limite,
pela fronteira do silêncio mortal.
O que a vida engana
a morte aplaude, numa altura
em que as lições se aprendem 
e os erros se cometem.
Vou arriscar, trocar o certo
pela incerteza do que é errado.
Jovem e cansada de fugir
do que realmente não importa.
Em todos os devaneios
parece que sinto um olhar,
um desenhar de mãos.
O vento traz de volta
os velhos caminhos que me levaram
por mistérios dos pequenos momentos.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

As palavras sobreviventes

Revelo á página errada,
as confusões utópicas sem sentido.
A prosa é deixada,
desta vez é a poesia que rege a minha melodia.
A realidade é simples,
tão dura.
Deixa para trás os pobres em espírito
e os pseudo-ricos em sabedoria.
Filosofias amorosas, mas cem mil vezes te digo,
só tenho lápis e papel e assim vivo e sobrevivo.
A poesia vive lado a lado com a magia,
sensatas sinfonias, leves frases de alegria.
Entre súbitas pausas, escrevo sentenças de morte á monotonia.
E hoje o cadáver sou eu. Quieta e sossegada recito promessas e mentiras, desculpas e arrependimentos.
Morri por andar nestas ruas sem nome, 
onde a escrita se cruza no detalhe da palavra.
Não quero escorregar na lucidez sangrenta da perfeição.
Desfecho incompleto, esperanças renovadas.

3º Pessoa

Estas mentiras que digo sem pensar, valem a companhia de uma vida, valem a confiança destemida numa pessoa que não sou eu, não és tu.
Em alguém que não vive, mas insiste em existir.
Nada do que escrevo é verdade para mim, são realidades que tu sentes.
Desilusões, frustrações e culpa em quem não merece.
Tenho um sonho que não me pertence.
E que continuo a roubar sem nada temer.
Receio o medo do longínquo que me assusta.
O tempo não passa e o mundo parou.
No improviso te afogas, por entre mares de dúvidas.
O medo que carregas e a ânsia de ser maior, fazem o teu olhar forte, fazem a tua vida louca.